quinta-feira, 10 de setembro de 2009

REALIZAÇÃO DO III MÓDULO POLO DE COLIDER

REALIZAÇÃO DO III MÓDULO - POLO DE COLIDER
Nos dias 05 e 06 de setembro de 2009, realizou-se no Pólo de Colíder, o III Prato Agricultura Familiar – SAF'S do Cardápio pelo Projeto Coletivos Educadores para o Território Portal da Amazônia – Uma nova abordagem na Educação Ambiental com os Educadores Luiz Alberto de Oliveira Silva e Irene Miranda Soares, contamos a participação dos PAP3 dos seis municípios do Pólo, Colíder, Nova Santa Helena, Itaúba, Marcelândia, Nova Guarita e Terra Nova do Norte, Prato levantou uma grande discussão sobre a Agricultura Familiar, no período matutino aconteceu a aula teórica, no período vespertino realizamos uma aula de campo visitando uma propriedade rural onde foi implantado um Projeto de Agricultura Familiar no domingo foi realizado um debate sobre a visita realizada no dia 05/09.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Como enfrentar a crise da agricultura

Como enfrentar a crise da agricultura:

Lamentando os problemas insolúveis ou resolvendo os problemas solucionáveis?

Polan Lacki

Na economia as soluções rendem mais do que os problemas; na política, os problemas valem muito mais que as soluções - Nikolai Bukharin (1888-1938) - economista e político soviético.
De acordo com esta reflexão de Bukharin, na agricultura latinoamericana aparentemente deveríamos dedicar-nos muito mais à economia que à política. Deveríamos descartar imediatamente aquelas pseudo-soluções utópicas que apenas contribuem a confundir os agricultores e a perpetuar os problemas do setor agropecuário. Porque a angustiada classe rural está necessitando soluções de verdade e que sejam mais perduráveis no tempo; isto é, medidas que, graças a sua viabilidade e realismo, possam efetivamente ser concretizadas, por mais adversas que sejam as condições atuais dos produtores rurais e de seus respectivos governos. Nas atuais circunstâncias, já não tem muito sentido continuar afirmando aos agricultores que seus problemas deverão ser resolvidos pelos governos, através de créditos abundantes e baratos, da aquisição, refinanciamento e perdão das suas dívidas, da concessão de subsídios internos, do aumento do valor do dólar, da redução dos impostos e dos pedágios e da proteção contra a importação de produtos agrícolas; e continuar afirmando-lhes que nossos governos deveriam exigir a eliminação das barreiras externas e dos subsídios com os quais os países ricos protegem seus agricultores.

Por mais desejadas e atraentes que sejam, a curto e médio prazos, estas propostas não serão adotadas; entre outros motivos, porque os endividados e debilitados governos dos países latino-americanos, mesmo que quisessem não reuniriam as condições econômicas nem políticas, para adotá-las. No âmbito interno, por insuficiência de recursos para perpetuar no tempo estes mecanismos "perenizadores" de dependências; e, no âmbito externo, porque não possuem a força política para impedir que os países desenvolvidos continuem subsidiando e protegendo seus agricultores. A adoção das referidas medidas é tão improvável que não vale a pena perder tempo com utopias que geralmente se inspiram na ingenuidade ou, o que é muito mais grave, em repudiáveis propósitos demagógico-eleitorais. Além disso, não é esta a principal causa da crise do setor agropecuário e sim as distorções descritas a seguir, as quais, com humildade, deveremos reconhecer e, com competência deveremos eliminar.




As ineficiências do negócio agrícola: compensar suas conseqüências ou eliminar suas causas?

Na América Latina, o caminho cômodo e simplista de querer aliviar as conseqüências de una agricultura ineficiente, através de artificialismos compensatórios, está esgotado. Ante esta situação, só nos resta a alternativa realista de eliminar as causas mais profundas da falta de rentabilidade e de competitividade e, através desta medida, prescindir dos subsídios que, de antemão, sabemos que não serão outorgados por nossos governos. Entre estas causas elimináveis pelos próprios agricultores, com a única condição de que estejam capacitados e organizados, estão as seguintes distorções e ineficiências que ocorrem na grande maioria das propriedades e comunidades rurais:

1ª ineficiência - Baixíssimos rendimentos por hectare e por animal, causados muito mais pela falta de conhecimentos adequados que de políticas agrícolas generosas. Na América Latina, os rendimentos médios em quilos por hectare são os seguintes: arroz: 3189; feijão: 712; milho: 3288; batata inglesa: 13561; soja: 2472; trigo: 2090. Na pecuária bovina, menos de 4 litros de leite/vaca/dia; primeiro parto aos 42 meses, podendo ocorrer antes dos 28 meses de vida; intervalo entre parições de 22 meses, o qual poderia ser de 13 meses; desfrute de 19%; produção de 60 kgs de carne por hectare/ano.

Estes baixíssimos rendimentos são o claro reflexo de erros, muitas vezes primários, que ocorrem no processo produtivo. Para corrigi-los, geralmente se necessita apenas adotar, de forma correta e gradativa, tecnologias simples que requerem muito mais de conhecimentos adequados que de créditos abundantes; porque sua correção depende muito mais de "como fazer" do que "com que fazer". No caso do feijão, ao dividir os 712.000 gramas pelas 225.000 plantas que deveria ter um hectare, conclue-se que cada feijoeiro produz aproximadamente 3 gramas que correspondem a uma vagem com 8 a 12 grãos. Isto, geralmente, é conseqüência de que a maioria dos plantadores de feijão utiliza sementes geneticamente erodidas e contaminadas com patógenos, não regula a semeadora, não semeia na época adequada e com espaçamento e profundidade corretos, não elimina as ervas daninhas no momento oportuno, não faz rotação de culturas e sofre consideráveis perdas antes e durante a colheita. Neste caso, com exceção das sementes, todas as demais correções dependem apenas de que os produtores sejam conscientizados e capacitados; em outras palavras, as correções dependem muito mais de insumos intelectuais que de insumos materiais. Neste cultivo não se pode atribuir a culpa aos subsídios outorgados pelos países europeus porque eles não exportam feijão subsidiado; tampouco no caso do café, do cacau, da mandioca e de outros produtos que não são favorecidos pelas tesourarias dos países ricos, e no entanto, neles também temos problemas de falta de rentabilidade.

Se não podemos aumentar os preços deveremos diminuir os custos de produção e de transação

Não estamos ignorando que vários países desenvolvidos, com os quais temos que competir, subsidiam seus produtores, porém não podemos ignorar que uma outra causa importantíssima de nossa falta de competitividade é que as vacas daqueles países desenvolvidos produzem em média nacional, mais de 20 litros de leite por dia, que cada hectare das suas terras produz quase 8.000 kgs de trigo, 10.000 kgs de milho e até 49.000 kgs de batata inglesa. Enquanto os nossos governos não puderem outorgar subsídios nem impedir que os países ricos continuem fazendo-o, só nos resta o caminho realista de corrigir nossas próprias ineficiências; se o fizermos, nos tornaremos menos dependentes dos inexistentes subsídios internos e menos vulneráveis aos excessivos subsídios externos. É com este espírito de objetividade e de pragmatismo que os agricultores eficientes e bem sucedidos estão sobrevivendo dentro desta nova globalização e até obtendo proveito das vantagens que ela oferece. Eles estão "acedendo a lâmpada ao invés de continuar criticando a escuridão".

2ª ineficiência. Os procedimentos distorcidos que os agricultores adotam na aquisição dos insumos e na venda das suas colheitas. Em ambas etapas, os produtores rurais fazem exatamente o contrário do que lhes seria conveniente fazer; porque compram os insumos no varejo, com alto valor agregado e do último elo de intermediação; porém, quando vendem os seus excedentes, ocorre un giro de 180 graus e o fazem no atacado, sem valor agregado e ao primeiro elo da cadeia de intermediação. Ambas distorções são elimináveis através da capacitação e da organização dos agricultores com propósitos empresariais e, não necessariamente, através de nostálgicos e ineficientes intervencionismos do Estado na comercialização.

A propriedade diversificada pode ser a "agência de desenvolvimento" da família rural

3ª ineficiência. A falta de diversificação produtiva que, além de tornar os agricultores excessivamente dependentes do crédito rural, os expõe a desnecessários riscos e vulnerabilidades de clima, pragas e mercados. Para diversificar a produção agropecuária se requer muito mais de capacitação que de complexos mecanismos de intervenção estatal, cujas frondosas burocracias acabam consumindo os escassos recursos destinados à operação de tais mecanismos. Se os governos não estão em condições de oferecer crédito rural, seguro agrícola e insumos a todos os produtores, a eficiente diversificação e verticalização da atividade agropecuária deveria ser o "seguro agrícola" do produtor, sua "agencia de crédito", sua "fábrica de alguns insumos", seu "supermercado", sua "agroindústria", a "agência de empregos" para todos os membros da família durante os 365 dias do ano. A diversificação e a gradualidade tecnológica, horizontal ou vertical, são medidas endógenas que liberam as famílias rurais da dependência de várias soluções exógenas e geralmente inacessíveis; muito especialmente do crédito que é cada vez mais caro e escasso.

4ª ineficiência. A ocorrência de superdimensionamentos e ociosidades de investimentos que, nas atuais circunstâncias de alto endividamento e baixa rentabilidade, economicamente não se justifica realizá-los de forma individual ou mantê-los sub-utilizados.Nas propriedades rurais é muito freqüente encontrar tratores e implementos que trabalham poucas horas ao ano, terras ociosas ou com baixíssima produtividade, elevados investimentos em irrigação que não se traduzem em altos rendimentos em virtude de graves erros tecnológicos na condução dos cultivos e nas tecnologias de irrigação, juntas de bois que comem o ano inteiro porém passam mais dias descansando que trabalhando, animais de elevado potencial genético cujos baixos rendimentos são provocados principalmente por falta de alimentos que poderiam ser produzidos nas propriedades, inadequada relação reprodutores/matrizes, etc. Por exemplo, se em uma comunidade existem 10 produtores com 5 vacas leiteiras cada um, economicamente não se justifica a existência de 10 reprodutores, 10 estábulos, 10 máquinas de ordenhar, 10 picadoras de forragem, 10 enfardadeiras de feno, 10 esfriadores de leite; os baixos preços do leite dificilmente poderão remunerar estes altos investimentos quando eles são feitos de forma individual. O associativismo para obter economia de escala, reduzir custos, incorporar valor às colheitas, comprar e vender com menor intermediação é o caminho mais realista quando os governos não estão em condições de outorgar subsídios. Se nos últimos tempos, até os gigantes dos bancos, dos meios de comunicação, da indústria químico-farmacêutica e agro-química estão promovendo fusões e formando enormes conglomerados, como estratégia para poder sobreviver no mercado, com maior razão deverão fazê-lo os minúsculos e frágeis produtores rurais.

5ª ineficiência. Os agricultores pobres costumam cultivar espécies que coincidentemente são adquiridas pelos consumidores pobres das cidades (mandioca, batata inglesa, milho, feijão, abóbora, arroz, batata doce, etc.). Se além de produzir espécies pouco rentáveis, são afetados pelas distorções descritas nos 4 itens anteriores, se fazem excessivas aplicações de agroquímicos e sofrem desnecessárias perdas pós-colheita, é evidente que não podem viabilizar-se economicamente. Promover uma substituição progressiva a espécies de maior densidade econômica depende muito mais de conhecimentos técnico-gerenciais que de sofisticadas formulações de políticas agrícolas.

Diagnósticos equivocados e terapêuticas demagógicas estão paralisando o setor agropecuário
Depois de efetuar esta crua descrição das distorções que, com reconhecidas exceções, infelizmente estão generalizadas na América Latina, impoem-se algumas perguntas:
- serão os agricultores os culpados de tão graves ineficiências? ou será nosso disfuncional sistema educativo que não desenvolveu neles a autoconfiança, a criatividade e a capacidade de corrigir suas ineficiências e de solucionar os seus próprios problemas.
- será que é a falta de políticas (creditícias, cambiais, tributárias, tarifárias, etc), descritas no primeiro parágrafo deste artigo, a principal culpada de que não consigamos superar este arcaísmo tecnológico, gerencial e organizacional? ou será que faltam às famílias rurais uma adequada formação valórica e conhecimentos mais funcionais e instrumentais, que eles possam aplicar e utilizar na formulação de soluções mais autônomas e conseqüentemente tornarem-se menos dependentes das referidas políticas?
- será que deveremos continuar priorizando infrutíferas reivindicações dirigidas ao congresso nacional, ao ministério de economia/fazenda, ao banco central/rural/agrícola para pedir paliativos inacessíveis, ineficazes e perpetuadores de dependências? Ou será que deveremos buscar soluções emancipadoras nas escolas fundamentais rurais (do 1° ao 8° ano), nas escolas agrotécnicas e nas faculdades de ciências agrárias; apoiá-las como corresponde, porém exigir delas, uma educação muito mais pragmática, objetiva, funcional, realista e prática de modo que dessas instituições educativas egressem agricultores e extensionistas com real capacidade de corrigir as ineficiências do negócio agrícola?

- será que todos os governos dos países da América Latina, os atuais e os das décadas anteriores, são e foram insensíveis aos problemas dos agricultores e não tiveram a vontade política para solucioná-los? ou será que, em virtude do modelo paternalista e da insuficiência de recursos, não podem e não puderam oferecer todos os ingredientes da "receita" perpetuadora de dependências a todos os agricultores sempre? Se a referida "receita" não funcionou, quando a instituições estatais tinham mais poder e mais recursos, como esperar que funcione na atualidade quando os governos estão debilitados e endividados?

- como explicar que depois de mais de 50 anos de aplicações milionárias de recursos em crédito rural, na geração e difusão de tecnologias, na formação de técnicos, na manutenção de estruturas estatais de comercialização e em obras de irrigação, não tenhamos sido capazes de incrementar estes modestos rendimentos e de superar as demais ineficiências, aqui analisadas? Com o agravante de que alguns dos importantes êxitos obtidos pelo setor agropecuário latino-americano ocorreram mais como conseqüência de produtores progressistas, do setor privado e de estímulos governamentais "de arranque", que dos clássicos e permanentes instrumentos estatais perpetuadores de dependências. Como exemplos poderíamos mencionar: a avicultura industrial, o plantio direto, os sistemas integrados entre agricultores e agroindústrias (com aves, suínos, tomate, tabaco, etc), a fruticultura e a floricultura de exportação, o aspargo no Perú, a criação de salmões no Chile, a produção de maçãs em Santa Catarina e a citricultura em São Paulo, ambas no Brasil, etc.

Definitivamente, o intervencionismo estatal perenizador de dependências, de cima para baixo, deverá ser substituído pelo protagonismo emancipador dos agricultores, de baixo para cima. No entanto, esta reversão exige a ação de um estado que, graças a excelência, pragmatismo e relevância/pertinência dos conteúdos curriculares das suas instituições educativas, tenha como principal objetivo estratégico, desenvolver as potencialidades que estão latentes nas pessoas e instituições relacionadas com o setor agropecuário. Os solucionadores potenciais dos nossos problemas agropecuários estão em cada família, propriedade e comunidade rural, em cada escola fundamental rural, escritório de extensão rural, estação experimental, prefeitura, escola agrotécnica, faculdade de ciências agrárias; falta apenas transformá-los de solucionadores potenciais a solucionadores reais. Na construção da agricultura do mundo globalizado, o sistema educativo rural -os três níveis da educação formal/escolarizada e os serviços públicos e privados de extensão rural- necessitam receber um claro e decidido apoio do estado, do setor privado e da sociedade. Em contrapartida, o referido sistema deve reconhecer a necessidade de submeter-se a uma profunda e radical transformação, a fim de que possa assumir o compromisso e a responsabilidade de formar, capacitar e organizar uma nova geração de agricultores profissionalizados, mais autoconfiantes e tecnicamente mais competentes; agricultores que sejam capazes de assumir como sua uma crescente responsabilidade na correção das suas próprias ineficiências e de protagonizar a solução dos seus problemas. Este é o único caminho possível para uma América Latina cujos governos não dispõem de recursos para fazer tudo pelos seus cidadãos sempre; entre outros motivos porque estão dedicados a combater nas cidades os efeitos do subdesenvolvimento rural, em vez de eliminar suas causas diretamente no campo e, mais especificamente, nas desfinanciadas, esquecidas e abandonadas escolas fundamentais rurais.

Observações: 1. Caso Vossa Senhoria considere que algum (ns) destes conceitos é adaptável à realidade de seu município, estado ou país, por favor não hesite em utilizar, melhorar e difundir estas propostas; Oxalá que V.Sa. considere conveniente realizar em sua própria instituição ou jurisdição alguma atividade destinada a difundir, criticar, melhorar e adaptar estas proposições a suas respectivas realidades.2. Críticas ao artigo e pedidos de documentos gratuitos que ampliam e fundamentam tecnicamente a viabilidade desta proposta serão bem-vindos aos E-Mails: Polan.Lacki@uol.com.br e Polan.Lacki@onda.com.br

Os referidos documentos também estão disponíveis na seção "Artigos" da Página web http://www.polanlacki.com.br/ e na nova Página web http://www.polanlacki.com.br/agrobr

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Encontro Coletivos Educadores Pólo Nova Monte Verde - MT

O núcleo de formação de Nova Monte Verde Convida os participantes que se inscrevam para fazer parte dos Coletivos Educadores para o próximo Encontro que será dia 20 e 21 de Junho de 2009, na Escola Roberto José Ferreira Av. Manoel Rodrigues de Souza, Bairro: Centro. Nova Monte Verde - MT, Horas das 8:00 às 12:00 e das 13:00 às 17:00 horas, com o Módulo de Elaboração de Projeto o qual será ministrado pelo Prof. Dr. Luiz Fernando Caldeira Ribeiro da UNEMAT.


Coletivos Educadores Para o Território Portal da Amazônia

1.0 AGRICULTURA FAMILIAR NO MUNICÍPIO DE NOVA MONTE VERDE

No município de Nova Monte Verde a agricultura, mas especificamente a agricultura familiar passa por todos esses entraves o que esta causando grandes transtorno no seu desenvolvimento e consequentemente a dificuldade de permanência do homem ao campo, além disso o desenvolvimento agrícola no município acontece de forma rudimentar levando mais ainda a dificuldade do cultivadas espécies cultivadas.
O desenvolvimento agrícola em Nova Monte Verde teve inicio em 1984 e a partir daí houve avanços e retrocessos, tendo seu inicio com o cultivo de café, milho, arroz e o feijão, entretanto já podemos notar a diversificação de culturas desenvolvidas para melhor subsistência das famílias,como :mandioca, horticultura, piscicultura, apicultura, dentre outras.
Os plantadores de café sofreram grandes decepções no inicio do desenvolvimento agrícola em nova monte verde, pois acreditaram nessa cultura ,criaram várias expectativas porém com a queda do preço veio a frustração fazendo com muitos agricultores desfizessem de suas plantações ,cortando-as, queimando suas lavouras ou mesmo abandonando suas terras e se deslocando para a cidade ou outras localidades .
Apesar das dificuldades diversas famílias continuam acreditando e persistem no cultivo agrícola para manterem suas famílias e para conseguirem se manterem em suas propriedades investiram na diversificação agrícola e na pecuária.


1.1 Agricultura Diversificada

A expansão da fronteira agrícola sempre esteve associada com a pequena produção de subsistência, porém, com o crescimento do processo de acumulação capitalista a extensão da fronteira até a Amazônia, o pequeno produtor rural esta encontrando cada vez mais dificuldades para sua sobrevivência, considerando que estes são uma parcela considerável da população brasileira.
Sabemos que a agricultura familiar foi e ainda é de grande importância para a economia nacional, todavia com o processo de industrialização e de novas tecnologias a agricultura de forma geral esta se tornando um objeto de cobiça nesse processo do desenvolvimento capitalista, onde se visa o lucro a qualquer preço.
Nesse contexto apesar de tantos embates a figura marcante do agricultor familiar tenta se equilibrar, oque não é fácil, mas sabemos que este e tem grande importância econômica e social. A agricultura familiar é à base de subsistência de muitas famílias em nosso país e também nosso município e para que ela possa continuar existindo nesse mercado cada vez mais competitivo e excludente é necessária a diversificação rural agrícola como sendo a alternativa de diminuir o fracasso, pois ter apenas uma atividade agrícola como fonte de renda atualmente é suicídio rural, a diversificação constitui uma das opções mais segura de desenvolvimento rural,principalmente em lugares afetados pelo insucesso de determinadas atividades agrícolas,no caso de Nova Monte Verde o cultivo do café que foi uma desilusão para muitos agricultores.
De maneira geral para que os agricultores familiares possam diversificar sua produção e desenvolver sistemas de produção sustentável, se ingressar no mercado com produtos diferenciados é necessário orientação e determinação dos órgãos institucionais e uma mudança de consciência e comportamento por parte dos técnicos e agentes responsáveis pelo desenvolvimento.
Diante da atual situação em que passam os pequenos agricultores a única alternativa é que invistam na diversificação agrícola para que possam continuar a viver dignamente.

1.2 COOPERATIVISMO E ASSOCIATIVISMO



Cooperativismo: organização de pelo menos, vinte pessoas ou mais pessoas físicas unidas pela cooperação e pela ajuda mútua, com gestão democrática e participativa. Sistema econômico que faz das cooperativas a base de todas as atividades de produção e distribuição de riquezas, tendo como objetivo difundir os ideais em que se baseia, no intuito de atingir o pleno seu desenvolvimento econômico e social.
É a união de pessoas voltadas para um objetivo comum, visando alcançar os objetivos propostos na sua constituição estatutária.
Associativismo: é uma forma de organização em permanente integração e tem como finalidade, conseguir benefícios comuns através de ações coletivas, ex: grupo de duas ou mais pessoas que se organizam para defenderem interesses comuns, sem fins lucrativos.
A expressão associativismo designa, por um lado a prática social da criação e gestão das associações e, por outro lado, a apologia ou defesa dessa prática de associação, enquanto processo não lucrativo de livre organização de pessoas (os sócios) para a obtenção de finalidades comuns.
O associativismo, é uma forma de organização social, caracteriza-se pelo seu caráter, normalmente, de voluntariado, por reunião de dois ou mais indivíduos usado como instrumento da satisfação das necessidades individuais humanas (nas suas mais diversas manifestações).

1.3 COLETIVIDADE, COOPERAÇÃO E PARCERIA

Coletividade é um sistema de relações sociais de interações recorrentes entre as pessoas, enfim é um ato de compartilhar e colaborar nas idéias.
Cooperação é uma relação de entre ajuda entre indivíduos ou entidades, no sentido de alcançar objetivos comuns.
Parceria é uma relação de mão-dupla, isto é os parceiros partilham seus recursos de modo a trocar benefícios mútuos chegando a objetivos comuns.


Textos Elaborados Pelos Coletivos Educadores do Micro Polo de Nova Monte Verde-MT

domingo, 24 de maio de 2009

Lista de site, blogs e grupos que trabalham e discutem Educação Ambiental.

Lista Elaborada pelos Coletivos Educadores, Polo de Nova Monte Verde-MT.


http://www.setorreciclagem.com.br Reciclagem, lixo, meio ambiente e cidadania.

http://www.amda.org.br/ Assosciação Mineira de Defesa do Meio Ambiente.

http://www.ambientebrasil.com.br/ Ambiente Brasil.


http://www.cenedcursos.com.br// O Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) oferece formação na área ambiental através da modalidade de Educação a Distância. Todos os professores responsáveis pelos cursos são pós-graduados, conferindo qualidade ao tema do curso apresentado. Nossos cursos são realizados no ambiente virtual de aprendizagem denominado Atutor o qual é utilizado em Universidades do mundo inteiro.


http://www.ecoesfera.com.br/ Empreendimentos Sustentáveis.


http://www.aguadechuva.com/ Tecnologia inovadora de ETA (Estação de Tratamento de Água) a partir de Bio Filtro Lento de Areia, conjugada com Filtro de Carvão Ativado, de maneira a tornar possível o “aproveitamento de água de chuva para uso humano”, extensível às águas limpas de cursos d’água.


http://www.ecomundi.com.br/ Eco Mundi Gestão Ambiental.


http://www.planetaorganico.com.br/ Planeta Orgânico Melhora Para a vida.






sábado, 23 de maio de 2009

terça-feira, 31 de março de 2009

quinta-feira, 26 de março de 2009

Estatuto do Homem

ESTATUTO DO HOMEM

(Ato Institucional Permanente)

A Carlos Heitor Cony

Artigo I

Fica decretado que agora vale a verdade
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II

Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III

Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV

Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único:

O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V

Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI

Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII

Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII

Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX

Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X

Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
o uso do traje branco.

Artigo XI

Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII

Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:

Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII

Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.

Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem

Thiago de Mello Santiago do Chile, abril de 1964

Um sonho de simplicidade

Um Sonho de Simplicidade
Rubem Braga

Então, de repente, no meio dessa desarrumação feroz da vida urbana, dá na gente um sonho de simplicidade. Será um sonho vão? Detenho-me um instante, entre duas providências a tomar, para me fazer essa pergunta. Por que fumar tantos cigarros? Eles não me dão prazer algum; apenas me fazem falta. São uma necessidade que inventei. Por que beber uísque, por que procurar a voz de mulher na penumbra ou os amigos no bar para dizer coisas vãs, brilhar um pouco, saber intrigas?

Uma vez, entrando numa loja para comprar uma gravata, tive de repente um ataque de pudor me surpreendendo assim, a escolher um pano colorido para amarrar ao pescoço.

A vida bem poderia ser mais simples. Precisamos de uma casa, comida, uma simples mulher, que mais? Que se possa andar limpo e não ter fome, nem sede, nem frio. Para que beber tanta coisa gelada? Antes eu tomava a água fresca da talha, e a água era boa. E quando precisava de um pouco de evasão, meu trago de cachaça.

Que restaurante ou boate me deu o prazer que tive na choupana daquele velho caboclo do Acre? A gente tinha ido pescar no rio, de noite. Puxamos a rede afundando os pés na lama, na noite escura, e isso era bom. Quando ficamos bem cansados, meio molhados, com frio, subimos a barranca, no meio do mato, e chegamos à choça de um velho seringueiro. Ele acendeu um fogo, esquentamos um pouco junto do fogo, depois me deitei numa grande rede branca — foi um carinho ao longo de todos os músculos cansados. E então ele me deu um pedaço de peixe moqueado e meia caneca de cachaça. Que prazer em comer aquele peixe, que calor bom em tomar aquela cachaça e ficar algum tempo a conversar, entre grilos e votes distantes de animais noturnos.

Seria possível deixar essa eterna inquietação das madrugadas urbanas, inaugurar de repente uma vida de acordar bem cedo? Outro dia vi uma linda mulher, e senti um entusiasmo grande, uma vontade de conhecer mais aquela bela estrangeira: conversamos muito, essa primeira conversa longa em que a gente vai jogando um baralho meio marcado, e anda devagar, como a patrulha que faz um reconhecimento. Mas por que, para que, essa eterna curiosidade, essa fome de outros corpos e outras almas?

Mas para instaurar uma vida mais simples e sabia, então seria preciso ganhar a vida de outro jeito, não assim, nesse comércio de pequenas pilhas de palavras, esse oficio absurdo e vão de dizer coisas, dizer coisas... Seria preciso fazer algo de sólido e de singelo: tirar areia do rio, cortar lenha, lavrar a terra, algo de útil e concreto, que me fatigasse o corpo. mas deixasse a alma sossegada e limpa.

Todo mundo, com certeza, tem de repente um sonho assim. E apenas um instante. O telefone toca. Um momento! Tiramos um lápis do bolso para tomar nota de um nome, um número... Para que tomar nota? Não precisamos tomar nota de nada, precisamos apenas viver — sem nome, nem número, fortes, doces, distraídos, bons, como os bois, as mangueiras e o ribeirão.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Carta do Zé agricultor para Luís da cidade

Carta do Zé agricultor para Luís da cidade
E esse é o Brasil
Luciano Pizzatto (*)

Luis,

Quanto tempo. Sou o Zé, seu colega de ginásio, que chegava sempre atrasado, pois a Kombi que pegava no ponto perto do sítio atrasava um pouco. Lembra, né, o do sapato sujo. A professora nunca entendeu que tinha de caminhar 4 km até o ponto da Kombi na ida e volta e o sapato sujava.

Lembra? Se não, sou o Zé com sono... he he. A Kombi parava às onze da noite no ponto de volta, e com a caminhada eu ia dormi lá pela uma, e o pai precisava de ajuda para ordenhá as vaca às 5h30 toda manhã. Dava um sono... Agora lembra, né Luis?!

Pois é. Tô pensando em mudá aí com você. Não que seja ruim o sítio, aqui é uma maravilha. Mato, passarinho, ar bom. Só que acho que tô estragando a vida de você Luis, e de teus amigos ai na cidade. Tô vendo todo mundo fala que nóis da agricultura estamo destruindo o meio ambiente.

Veja só. O sitio do pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que pará de estuda) fica só a meia hora ai da Capital, e depois dos 4 km a pé, só mais 10 minutos da sede do município. Mas continuo sem Luz porque os Poste não podem passar por uma tal de APPA que criaram aqui. A água vem do poço, uma maravilha, mas um homem veio e falô que tenho que fazê uma outorga e pagá uma taxa de uso, porque a água vai acabá. Se falô deve ser verdade.

Pra ajudá com as 12 vaca de leite (o pai se foi, né...) contratei o Juca, filho do vizinho, carteira assinada, salário mínimo, morava no fundo de casa, comia com a gente, tudo de bão. Mas também veio outro homem aqui, e falô que se o Juca fosse ordenhá as 5:30 tinha que recebe mais, e não podia trabalha no sábado e domingo (mas as vaca não param de fazê leite no fim de semana...).

Também visitô a casinha dele, e disse que o beliche tava 2 cm menor do que devia, e a lâmpada (tenho gerador, não te contei!) que estava em cima do fogão era do tipo que se esquentasse podia explodi (não entendi?). A comida que nóis fazia junto tinha que fazê parte do salário dele. Bom, Luis tive que pedi pro Juca voltá pra casa, desempregado, mas protegido agora pelo tal homem. Só que acho que não deu certo, soube depois que foi preso na cidade roubando comida. Do tal homem que veio protegê ele, não sei se tava junto.

Na Capital também é assim né, Luis? Tua empregada vai pra uma casa boa toda noite, de carro, tranquila. Você não deixa ela morá nas tal favela, ou beira de rio, porque senão te multam ou o homem vai aí mandar você dar casa boa, e um montão de outras coisa. É tudo igual aí né?

Mas agora, eu e a Maria (lembra dela? pois casei com ela) fazemo a ordenha as 5:30, levamo o leite de carroça até onde era o ponto da Kombi, e a cooperativa pega todo dia, isso se não chovê. Se chovê perco o leite e dô pros porco.Té que o Juca fez economia pra nóis, pois antes me sobrava só um salário por mês, e agora eu e Maria temos sobrado dois salário por mês. Melhorô. Os porco não, pois também veio outro homem e disse que a distancia da pocilga com o rio não podia ser 20 metro e tinha que derrubá tudo e fazê a 30 metro. Também colocá umas coisa pra protegê o rio.

Achei que ele tava certo e disse que ia fazê, mas que sozinho ia demorá uns trinta dia, só que mesmo assim ele me multô, e pra pagá vendi os porco e a pocilga, e fiquei só com as vaca. O promotor disse que desta vez por este crime não vai me prendê, e fez eu dá cesta básica pro orfanato. Ô Luis, aí quando vocês sujam o rio também paga multa, né? Agora a água do poço eu posso pagá, mas tô preocupado com a água do rio. Todo o rio aqui deve ser como na tua cidade Luis, protegido, tem mato dos dois lado, as vaca não chegam nele, não tem erosão, a pocilga acabô .... Só que algo tá errado, pois o rio fede e a água é preta e já subi o rio até a divisa da Capital, e ele vem todo sujo e fedendo aí da tua terra. Mas vocês não fazem isto, né Luis? Pois aqui a multa é grande, e dá prisão.

Cortá árvore então, vige! Tinha uma árvore grande aqui no sítio que murchô e ia morrê, então pensei eu de tirá, aproveitá a madeira, pois até podia cair em cima da casa. Como ninguém respondeu aí do escritório que fui, pedi na Capital (não tem aqui não), depois de uns 8 meses, quando a árvore morreu e tava apodrecendo, resolvi derrubar, e veja Luis, no dia seguinte já tinha um fiscal aqui e levei uma multa. Acho que desta vez vão me prendê.

Tô preocupado Luis, pois no radio deu que a nova Lei vai dá multa de 500,00 a 20.000,00 por hectare e por dia da propriedade que tenha algo errado por aqui. Calculei por 500,00 e vi que perco o sitio em uma semana. Então é melhor vendê, e ir morá onde todo mundo cuida da ecologia, pois não tem multa aí. Tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazê nada errado, só falei das coisa por ter certeza que a Lei é pra todos nóis.

E vou morar com vc, Luis. Mais fique tranqüilo, vou usá o dinheiro primeiro pra comprá aquela coisa branca, a geladeira, que aqui no sitio eu encho com tudo que produzo na roça, no pomar, com as vaquinha, e aí na cidade diz que é fácil, é só abri e a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nóis, os criminoso aqui da roça.

Até Luis. Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta com papel reciclado pois não existe por aqui, mas não conte até eu vendê o sitio.

(Todos os fatos e situações de multas e exigências são baseados em dados verdadeiros. A sátira não visa atenuar responsabilidades, mas alertar o quanto o tratamento ambiental é desigual e discricionário entre o meio rural (setor patronal) meio rural (agricultura familiar) e o meio urbano.)

* É engenheiro florestal, especialista em direito socioambiental e empresário, diretor de Parques Nacionais e Reservas do IBDF/IBAMA 88/89, deputado federal desde 1989, e detentor do 1º Prêmio Nacional de Ecologia.

"Precisamos aprender a ter a força da água, que não é dura como a pedra, mas sempre chega onde quer, através dos caminhos alternativos que encontra" (Roberto Shinyashiki)